domingo, 15 de julho de 2012

sábado, 14 de julho de 2012

Paper*

Reflexão crítica, que articule inter-relações entre Ciência e Ciência da Informação, sob a ótica de cada proposta individual de pesquisa, indicando possíveis alterações na perspectiva de pesquisa: O patrimônio Arquivístico Brasileiro: Ações e Omissões do Estado.

É crescente e frequente o descaso com documentos de arquivo, em razão de diversos fatores e isso acarreta prejuízos uma vez que as informações arquivísticas devem assegurar a memória do estado e servir como elemento de prova e informação para tomada de decisão e como instrumento de desenvolvimento institucional e social, devendo o Estado garantir a sua proteção. Entretanto, questiona-se: a existência de legislação tem contribuído adequadamente para assegurar a proteção dos documentos e evitar condutas lesivas se notícias são publicadas nos jornais sobre o desmazelo com os documentos públicos?

A dificuldade para responder esta indagação demonstra a complexidade das ações que devem ser implementadas na administração pública para debilitar as condutas e práticas lesivas aos documentos arquivísticos. Tal condição resultou nos seguintes problemas norteadores da pesquisa: Quais as medidas promovidas pelo Estado para a proteção do patrimônio arquivístico brasileiro? Quais são as lacunas existentes que impedem a eficácia dessas medidas?

Compreender o alcance e os limites da intervenção do Estado brasileiro na proteção do patrimônio arquivístico do país é o objetivo central da pesquisa, ou seja, “conhecer o fenômeno que é o objeto da ciência” (TOMANIK, 2004 p. 17).

Uma ciência que está constantemente em busca de conhecer o dia a dia de suas pesquisas precisa investir em estudos. Jardim defende estratégias de pesquisa que abordem as questões do Estado e das Políticas Públicas e suas relações com o cidadão e afirma que alguns tópicos merecem ser desenvolvidos na ciência da informação, dentre eles, os documentos arquivísticos produzidos pelas organizações públicas (JARDIM, 1999 p.48).

Portanto, esta pesquisa, cujo tema é o patrimônio arquivístico, é do tipo exploratória, descritiva e qualitativa que buscará identificar: as ocorrências de práticas lesivas ao patrimônio arquivístico nos jornais e na internet; a existência de ações de investigação abertas pelo Ministério Público Federal - MPF sobre atos lesivos ao patrimônio arquivístico; a legislação que trata de proteção ao patrimônio arquivístico e as ações promovidas pelo Arquivo Nacional e IPHAN.

O acesso a informações no universo proposto é uma premissa possível na pesquisa, porém a possibilidade de encontrar obstáculos no acesso a documentos no MPF, não pode deixar de ser considerado, sinalizando, assim, possíveis alterações na perspectiva de pesquisa. Nesta senda, na ocorrência de tais obstáculos intransponíveis, a pesquisa será atenciosa à legalidade, tendo em vista a previsão constante nos dispositivos constitucionais e infraconstitucionais: segredo de justiça.

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* Mais uma contribuição da minha companheira de orientação, Cristiane Basques.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Hemeroteca Brasileira


Semana passada foi lançada pela Biblioteca Nacional o site da Hemeroteca Digital Brasileira, mais uma iniciativa de acesso às informações preservadas nos armazéns da Rio Branco, 219.

A Hemeroteca (http://hemerotecadigital.bn.br/) permite a consulta a um bom número de jornais não correntes e que foram digitalizados, permitindo inclusive a consulta por palavra-chave.


Como fonte de pesquisa, a iniciativa tem tudo para dar certo, uma vez que não será mais necessário o deslocamento até o Centro do Rio para a pesquisa - os pesquisadores de outros estados agradecem!

Uma dica quando buscar por palavras-chave é checar a ortografia adotada na época, pois até onde testei o programa não faz essa correção automaticamente, logo, quando buscamos por Biblioteca, dependendo do período teremos que usar o "TH".


Em meio a crise que rondou a Biblioteca Nacional nos últimos meses por conta dos danos ao acervo causado por sucessivos sinistros, a Hemeroteca Digital têm potencial para se tornar um dos mais importantes instrumentos de pesquisa no Brasil, ainda mais por ter o seu acesso livre e irrestrito.

Segundo a sua descrição, "Na HEMEROTECA DIGITAL BRASILEIRA pesquisadores de qualquer parte do mundo passam a ter acesso, inteiramente livre e sem qualquer ônus, a títulos que incluem desde os primeiros jornais criados no país – como o Correio Braziliense e a Gazeta do Rio de Janeiro, ambos fundados em 1808 – a jornais extintos no século XX, como o Diário Carioca e Correio da Manhã, ou que não circulam mais na forma impressa, caso do Jornal do Brasil".

Creio que é um instrumento de pesquisa que vale ser visitado, ainda mais pela curiosidade que desperta, sobretudo no aprendizado em lidar com as ferramentas - que convenhamos, são bem inteligíveis e permitem uma busca rápida e fácil.

Visitem: http://hemerotecadigital.bn.br/ e http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx

terça-feira, 10 de julho de 2012

Construindo imagens

No jogo da memória, o que mais há é interesses diversos e com o Eduardo Paes não seria diferente...

"Em campanha, Paes tenta vincular sua imagem às transformações feitas por Pereira Passos" (Em O Globo)

 Ao tentar atrelar a sua imagem à de Pereira Passos, o que ele deseja é enaltecer os seus feitos e seu próprio ego, nada contra, afinal, faz parte da criação e recriação da memória!

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Para que serve a ciência afinal?*



"Dizer que alguma coisa é boa ou má, melhor ou pior, é dar um julgamento humano. Só um homem pode dizer que uma coisa é boa ou má – e não se discute. Nenhum procedimento científico pode conter uma resposta sobre a relativa desejabilidade de uma coisa. [...] É nesse sentido que a ciência é neutra. Não é neutra por haver alguma virtude essencial em ser neutra. É simplesmente a natureza da ciência, que está em testar relações empíricas entre fenômenos ou variáveis – e, para fazer isso, exige que o fenômeno seja de natureza a ser observado, manipulado ou medido” (KERLINGER, Fred N.. Metodologia da pesquisa em ciências sociais. São Paulo: EDUSP, 1980).

Alguns teóricos defendem que a ciência seria uma forma de saber neutro, uma vez que ela descreveria fatos e explicaria fenômenos objetivos, sem emitir juízos de valor ou crenças e opiniões dos próprios cientistas. No entanto, nos dias atuais, essa suposta neutralidade é criticada, uma vez que entendemos que toda a ciência está inserida em um contexto sócio histórico e sofre pressões e influências dos setores políticos, econômicos, religiosos, além da própria sociedade civil.
O ser humano nasce inquieto e sua existência se condiciona aos acontecimentos que se submete ou de seus atos volitivos. Aquela se confronta com a realidade e, estes com a percepção da mesma. Sua inquietude naturalmente persegue o alcance da área de conforto, da segurança, do controle, da linha tênue que margeia a ociosidade.
A ciência é algo prático e dinâmico decorrente de uma curiosidade e da predisposição de deixar uma contribuição do conhecimento humano. Esse “algo” envolve perguntas e respostas que são capazes de desafiar conhecimentos construídos e/ou consolidados e por sua vez geram prazer e dor, integração e contribuição, esforço e satisfação em atingir alguma meta. A ciência é como um conhecimento que auxilia a explicar o mundo e, ao mesmo tempo, como uma forma de produção coletiva, que está sintonizada com a cultura e as ideias do ser humano no seu contexto histórico-social.
Le Coadic (2004 p.26) afirma que “a informação é a seiva da ciência e sem informação ela não pode se desenvolver e viver. Sem informação a pesquisa seria inútil e não haveria o conhecimento”.
Buckland (1991) propõe que o fenômeno informação seja trabalhado a partir da escolha do conceito mais apropriado a observação que se dirigi sobre o objeto de pesquisa, o que viabiliza uma imensa possibilidade de investigação.
Assim, sendo a informação o corpo central do estudo da Ciência da Informação como uma disciplina interdisciplinar que está aberta para dialogar com outras disciplinas do conhecimento, a dissertação de mestrado na área terá como tema o patrimônio arquivístico (informação arquivística), cujo objetivo geral é compreender o alcance e os limites da intervenção do Estado brasileiro na proteção do patrimônio arquivístico do país para responder quais as medidas promovidas pelo Estado para sua proteção e quais as lacunas existentes que impedem a eficácia dessas medidas.
Reconhecendo o caráter incipiente da pesquisa tendo em vista a “deficiência” de políticas públicas de informação arquivística, em razão do arcabouço legal existente fornecer os meios para efetivação da proteção do patrimônio arquivístico, contudo não a garantia de sua ideal e efetiva aplicação e fiscalização, fazer ciência é necessário e inevitável.
Se o arcabouço legal existente não é por si só o único caminho para garantir a proteção, acesso e preservação da memória pública brasileira invita-se ampliar as discussões sobre o tema, pois o patrimônio arquivístico é merecedor de um processo de difusão arrojado com a participação de atores de diversas áreas do conhecimento, não somente do Estado, mas da sociedade, pois, qualquer instituição está vulnerável a fatores de risco de toda natureza fragilizando gradativamente sua proteção.
Assim, comungo com Tomanik: "a realidade é sempre mais complexa do que podemos perceber; por isso pesquisamos. Ela é sempre diferente do que gostaríamos que fosse; por isso tentamos modificá-la.”.

REFERÊNCIAS

BUCKLAND, Michael K. Information as thing. Journal of the American Society for information Science, v. 42. n. 5. p. 351-360, 1991.

LE COADIC, Yves-François. A Ciência da Informação. Brasília: Briquet de Lemos, 2004.

TOMANIK, Eduardo A. O olhar no espelho: “conversas” sobre a pesquisa e Ciências Sociais. Maringá: Eduem, 2004. 2 ed.

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Mais uma contribuição da nossa companheira de orientação no mestrado, Cristiane Basques.

sábado, 30 de junho de 2012

Reflexões sobre ciência e projeto científico*


 Ciência é o conjunto de conhecimentos que dizem respeito ao mundo exterior obtido por meio de “métodos científicos”, objetivos e descritivos, sem a intervenção subjetiva em relação ao objeto de estudo. A ciência não explica tudo, mas algumas coisas e, suas explicações não são sempre as melhores, mas o que é explicado em ciência pode ser considerado “verdade”.
Ela serve para prever e antecipar fenômenos ou até, se possível, transformá-los. Para tanto, os dados na ciência devem ser medidos, sempre que possível, devendo, portanto obtê-los de acordo com a utilização de técnicas científicas, como modo de construção de argumentos.
Assim, um projeto de pesquisa científico deve ser construído por etapas, com um planejamento minucioso, cronogramático e com o propósito de atingir o objetivo, e ainda, averiguando como o tema tem sido tratado pelos pares na comunidade científica. Importante também identificar outros sujeitos a quem queremos compartilhar ou “convencer” com a pesquisa. A pretensão da pesquisa científica é o julgamento da comunidade científica e não propriamente a “conclusão do estudo”, mesmo que nossa expectativa seja o alcance dos resultados. Entendo que não se deve afastar dele, mas a busca da objetividade deve ser exercida.
 Os questionamentos devem ser feitos exercendo nossas primeiras impressões, nossas opiniões a tudo que trazemos do sensu comum para a pesquisa, porém travando uma luta contra o saber imediato.
                 Importante destacar que num trabalho científico não devemos nos deixar enganar de que a definição que nós construímos, ou qualquer outra construída por qualquer autor, tenha a capacidade de entender o que realmente forma a essência do fenômeno sobre o qual falamos.
                 É isso, boa sorte!


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Mais uma contribuição da nossa companheira de orientação no mestrado, Cristiane Basques.

Coisas de Ciência...*


O que é ciência? Que coisa é essa?
O dicionário, onde está? No Google?
Mas são tantas definições e conceitos!
Qual será o certo? Existe um?
Será que Freud explica? Ou quem sabe Tomanik?
Vamos tentar?
Então vamos lá!

“A ciência não é uma ilusão, mas seria uma ilusão acreditar que poderemos encontrar noutro lugar o que ela não nos pode dar.” (Sigmund Freud)

Acho que Freud não explica!
Estou curiosa, então acredito que a curiosidade seja a essência para que o homem explore o mundo ao seu redor.  É essa curiosidade de conhecer, olhar algo até então “desconhecido” que proporciona ao homem visualizar novos horizontes e entender fenômenos.
O conhecimento começa pela curiosidade, pela inquietação, pela pergunta, pela pesquisa. A pesquisa possibilita conhecer a novidade e contribui para que a curiosidade saia da ingenuidade e se transforme em conhecimento e a ciência é a principal fonte de validação do conhecimento sobre o mundo objetivo e é um dos principais fatores de desenvolvimento social, econômico e cultural das sociedades contemporâneas.
                 Tomanik (2004 p.17) expõe que o objeto de uma ciência é aquilo que ela propõe a conhecer, é a parte da realidade sobre o qual ela pretende realizar seus estudos. Então para conhecer é preciso procurar, encontrar “soluções” para os problemas, investigar, que é, sobretudo, uma vontade de perceber, interrogar, para ver as coisas de outro modo ou para questionar aquilo que “parece” certo.
                 Então o objetivo da ciência é compreender o fenômeno que ela se propôs a conhecer!
“Esta é a essência da ciência: faça uma pergunta impertinente e cairá no caminho da resposta pertinente.” (Bronowski, J.)

Mas como perguntar? Como investigar? Como esclarecer as dúvidas?
O método é um instrumento básico para ordenar o pensamento na busca de um objetivo e para a construção do conhecimento. Ele é quem disciplina a investigação, por meio de processos mais adequados, e afasta distorções, casualidades e achismos. O método caracteriza o percurso feito pelo homem no processo de compreender e entender o objeto de investigação. Afinal, quem investiga está procurando discutir para conhecer e quem conhece se interessa em investigar.
Tomanik (2004 p. 55) afirma que ciência é discussão e que se a ciência pretende ser um conhecimento válido sobre a realidade, e se esta realidade está em contínuo processo de transformação, não há nenhum sentido em que se pretenda ter um corpo de conhecimentos estático e definitivo. Por esta razão, uma das funções dos cientistas é a de discutir os critérios que permitem estabelecer os limites e alcances da ciência, uma vez que estes itens podem sofrer (e sofrem) alterações no decorrer da história.
 “A ciência precisa ter uma função social. Ela é a única saída para o subdesenvolvimento e precisa estar junto da sociedade. Não pode ter um caráter consumista, de exclusão.” (Sérgio Mascarenhas Oliveira)

Sua função seria o bem estar do homem e da sociedade?
Abastecer o homem com informações representativas do mundo, das coisas, dos seres, favorecendo sua independência, sua liberdade para compreender as melhores alternativas que o leve as melhores escolhas seria uma de suas funções.
“A liberdade é para a ciência o que o ar é para o animal.” (Poincaré , Jules)

                 E se informação é um grande objeto transformador, como reuni-la de forma que se torne combustível para a liberdade?
                 Que tal buscarmos respostas na Ciência da Informação?
                 Shera e Clevaland definem o conceito de Ciência da Informação como:
Ciência que investiga as propriedades e o comportamento que governam o fluxo de informação e os meios de processar as informações para ótima acessibilidade e uso. O processo inclui a origem, a disseminação, a coleta, a organização, o armazenamento, a recuperação, a interpretação e o uso da informação. (SHERA; CLEVALAND apud FONSECA, 2005, p.19)

Assim, essa ciência tem um campo a explorar que é a informação, ou seja, o objeto da ciência da informação é a informação.
E agora, mais uma definição a explorar?
De acordo com o Google são várias as definições, mas existem várias respostas possíveis, dependendo de quem responde. Para Capurro e Hjørland (2003) quase toda disciplina científica usa o conceito de informação dentro de um contexto específico e com relação a fenômenos específicos.
Informação é qualquer coisa que é de importância na resposta a uma questão. Qualquer coisa pode ser informação. Na prática, contudo, informação deve ser definida em relação às necessidades dos grupos-alvo servidos pelos especialistas em informação, não de modo universal ou individualista, mas, em vez disso, de modo coletivo ou particular. Informação é o que pode responder questões importantes relacionadas às atividades do grupo-alvo. A geração, coleta, organização, interpretação, armazenamento, recuperação, disseminação e transformação da informação devem, portanto, ser baseada em visões/teorias sobre os problemas, questões e objetivos que a informação deverá satisfazer. (CAPURRO; HJØRLAND, 2007, p.187-188)

Mas produzir conhecimento implica somente na descoberta?
A informação é algo transformador e que circula no universo científico e que precisa ser utilizada para dinamizar as discussões e a geração de novos conhecimentos por meio de redes corporativas, compartilhadas. Produção de conhecimento não implica somente na descoberta, significa trabalhar em rede de conhecimento.
A participação em redes, às parcerias e a cooperação possibilitam a interação. A interação leva ao compartilhamento, impulsiona os fluxos de informação e de conhecimento que são decorrentes do movimento de uma rede e determinante para um direcionamento e evolução.
                 Faz-se ciência discutindo e compartilhando informações e a rede é um meio de adquirir e disseminar conhecimento!
Então essa coisa chamada ciência é um processo dinâmico e que pode ser iniciada por qualquer pessoa que se interesse em deixar sua contribuição ao conhecimento humano que proporcionará novos interesses, novas curiosidades.
“A ciência será sempre uma busca e jamais uma descoberta. É uma viagem, nunca uma chegada.” (Karl Popper)


REFERÊNCIAS

CAPURRO, Rafael; HJØRLAND, Birger. O conceito de informação. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 12, n. 1, p.148-207, jan./abr. 2007.

CITADOR. Disponível em: <http://www.citador.pt/frases/citacoes/t/ciencia>. Acesso em: 20 jun. 2012.

FONSECA, Maria Odila Kahl. A Arquivologia e Ciência da Informação. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005. 124 p.

INSTITUTO BRASIL VERDADE. Guarujá, SP, [2012]. Disponível em : <http://www.institutobrasilverdade.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=3783&Itemid=0>. Acesso em: 20 jun. 2012.

O MUNDO DA CIÊNCIA. Disponível em: <http://omundodaciencia.blogs.sapo.pt/>. Acesso em: 20 jun. 2012.

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* Mais uma contribuição da nossa companheira de orientação no mestrado Cristiane Basques.