segunda-feira, 25 de julho de 2011

Caçadores de Relíquias

Bom, como já falei 1000 algumas vezes aqui, o tema do meu Trabalho de Conclusão de Curso foi sobre colecionismo.

Eis que assistindo o History (antigo History Channel), me deparo com um programa sobre colecionadores, coleções e objetos,  ele se chama Caçadores de Relíquias (American Pickers). No programa dois sócios rodam os Estados Unidos em busca de objetos colecionáveis que possam ser comercializados em sua loja.

Em sua jornada, os dois deparam-se com os mais variados tipos de pessoas e objetos, desde carros antigos e mega enferrujados até bonequinhos de super heróis da década de 1980.


Nessas interações com as pessoas encontramos desde colecionadores mega profissionais, que preservam seus objetos como a mais valiosa relíquia, encapsulada em vidro e longe de possíveis ameaças, até colecionadores por acidente, que herdaram verdadeiros tesouros de seus parentes e não sabem o que fazer, dessas interações diversas informações como: ano de fabricação de um objeto, porque ele é raro e/ou valioso, fabricante etc - ou seja, dados objetos sobre ele. Porém, nas negociações de preço, por vezes, um outro fator é preponderante para determinar ou não a venda do objeto: o seu significado para o colecionador...


Se por um lado temos comerciantes natos dispostos a oferecer um bom dinheiro pelo que para alguns é apenas lixo, temos do outro pessoas que atribuíram significados aos objetos de suas coleções, e essa estima pode se fazer mais forte do que o qualquer valor oferecido. No programa é comum ouvir que uma pessoa não quer vender algo pois lhe foi dado por um ente querido ou representa uma parte de sua história, logo, faz parte da sua identidade.

Portanto, as significações e os significados contruídos ou absorvidos pelo colecionador são mais importantes do que o objeto em si e ele se constitui num estopim para a memória dele, em conjunto com os sentimentos que ele aflora e as recordações a qual ele o remete. Se não me engano, Henry Bergson diz que a memória não está no ser ou no objeto, mas sim nas relações estabelecidas entre eles, logo o tocar pode ser a faísca para que a relíquia exerça a sua função de máquina do tempo e transporte seu colecionador a um momento importante.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

100 anos de Biblioteconomia no Brasil

Há 100 anos, foi aprovada a criação do primeiro curso de Biblioteconomia do Brasil e também da América Latina.



Fundado nos porões da Biblioteca Nacional, o curso só começou a funcionar efetivamente, se não me engano, em 2014.

Tenho motivos para comemorar tal data, afinal sou filho desse curso, hoje incorporado à estrutura da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).

Mas, sobretudo, tenho a obrigação de mostrar o contexto no qual se desenvolveu a criação do curso.



No início do século XX, o Brasil, quer dizer, a cidade do Rio de Janeiro, passava por grandes transformações. Pereira Passos, Oswaldo Cruz e outros, foram os atores principais de tais mudanças, visando sanear o Rio, que era terreno fértil para a proliferação de várias doenças, uma verdadeira revolução tomou conta da cidade, ou melhor, do seu coração, o Centro. Dentre as várias mudanças as mais representativas foram a abertura da Avenida Central (atual Rio Branco) e a derrubada do Morro do Castelo, certidão de nascimento da cidade...



Durante toda a primeira década do século passado vários sobrados, considerados focos de doenças, foram derrubados e deram lugar ou à Avenida ou a novas construções mais modernas, e, assim, a cidade do Rio ganhava mais um grande conjunto arquitetônico preservado até hoje, a Praça Floriano ou, simplesmente, Cinelândia. Nela estão os prédios do Theatro Municipal, Câmara de Vereadores do Rio, Museu Nacional de Belas Artes e da Biblioteca Nacional.

Nesse contexto, a idéia era dizer aos estangeiros que o Brasil estava se modernizando e que uma capital limpa, civilizada e livre de doenças poderia existir no Hemisfério Sul.



Daí, a idéia de prédios magníficos, pois eles nos passam a idéia de erudição. Logo, ter um prédio digno da Biblioteca Nacional era importante, além de um acervo valioso e raro, porém, era preciso que as pessoas soubessem como lidar com tal preciosidade e dar às obras o valor e o tratamento que elas mereciam.


Assim, surge a idéia da criação do curso de Biblioteconomia, para formar profissionais que atendessem os anseios da Biblioteca Nacional de ter o seu acervo tratado e bem cuidado, pois a imagem de um país interessado pela cultura e civilizado se constrói por prédios magníficos, mas também por coisas que funcionem.

E nesse contexto, com o intuito de transmitir erudição e civilidade aos estrangeiros, principalmente europeus, nasce a Biblioteconomia no Brasil e o terceiro no mundo!