segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Sobre paixão, futebol e identidade

Final do ano, o Brasileirão acabou, o Corinthians foi campeão, o Vasco foi vice (de novo) e o Santos também. O Barcelona é considerado o maior de todos pelo menos até a primeira semana de janeiro e assim vamos...

Nesta semana também, o Flamengo comemorou 30 anos do seu título mundial, conseguido pela melhor geração que já jogou na Gávea e um dos melhores times do mundo (palavras da imprensa).

Eu, que nasci em 1985, não tive o prazer de ver esse time jogar, mas dizem que ele era demais, algo como um Barcelona de hoje... Se for verdade, perdi a chance de ver o maior time do Flamengo e creio que nunca mais verei um assim... Mas vai lá saber...

Porém, por mais que tenha nascido 4 anos após a conquista do mundo pelo Flamengo, carrego comigo toda a sua história e me orgulho dela e assim é o torcedor, torcedor é aquele que absorve a história do clube ao qual torce e faz dela a sua.

Tenho saudades de tempos que não vi, de ídolos que sequer conheci, mas que sei que honraram a camisa do meu clube! Afinal, usar a camisa de um clube não um estilo, como alguns retardados dizem. É na verdade uma afirmação identitária, é um laço que une a pessoa ao clube, é uma declaração de amor e afeto por aquelas cores.

O Barcelona é o maior exemplo disso, não sendo apenas um clube, mas o maior expoente na luta Catalã contra a coroa espanhola representada por Madrid ou melhor, pelo Real Madrid. O Barcelona é mais que um clube, é uma afirmação de identidade Catalã pregada desde a tenra idade, afinal, ele é acima de tudo, um clube Catalão e não um clube espanhol...


Outro exemplo: é muito comum você ver no Rio, minha cidade natal, pessoas que são cariocas e que torcem por clubes de outros estados serem massacrados diante de frases do tipo "por quê???"; "para de sacanagem!"; "fala sério"; "você prefere torcer por um paulista filho da puta???" etc... Afinal, no Rio temos o Flamengo, o Botafogo, o Vasco e o Florminense Fluminense, além de América, Bangu, Madureira, Olaria, São Cristóvão e outros...

Então por que escolher um time de outro estado? Tal atitude soa como uma afronta ao ideal de identidade regional, afinal, ser carioca vem em primeiro lugar, em segundo vem o time para o qual a pessoa torce e depois o resto, assim sendo, a paixão pelo clube não é sem propósitos, ela visa a afirmação e têm relação direta com a nossa identidade, a nossa identificação, a nossa história e memória, afinal, sempre lembramos de títulos que não vimos, ídolos que já se foram e temos templos consagradas à veneração e a exposição das nossas paixões... O Maracanã é sem dúvidas o maior exemplo... Palco da tragédia de 1950, mas também de várias vitórias memoráveis, onde Garrincha, Pelé, Zico, Nilton Santos e outros desfilaram... Porém, hoje está em ruínas com a desculpa de uma reforma para a Copa... (mas não entraremos no mérito, afinal, isso é papo para outro post)


Não é a toa que todo clube tem um museu, onde são ostentados os seus maiores triunfos, as suas maiores glórias, onde a afirmação de si se faz presente na exaltação do passado e no planejamento do futuro, afinal, nem sempre o ganhar títulos tem a ver com torcer, se fosse assim, o Santa Cruz, recém promovido à Série C, estaria com uma média de torcida pífia ao invés dos 50 mil que lotam o Arruda pra celebrar a paixão pelo clube e honrar a sua história...

Por fim, torcer é mais do que um ato, é uma escolha relacionada a quem somos e com o que e quem nos identificamos...

PS: optei por colocar uma imagem do Camp Nou e da torcida do Barcelona para não polemizar com o arco-íris outros torcedores
PS 2: observem que o Maracanã está vazio!

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Bibliotecas ou depósitos?

Volta e meia nos deparamos com notícias desoladoras sobre acervos achados em meio à escombros, livros raros jogados fora ou destruídos pelo descaso etc.

Ao que parece nós, brasileiros, não ligamos muito para as bibliotecas e à elas atribuímos pouco valor.

Ontem fiquei sabendo, por meio de conversas informais, que a Biblioteca Luiz Viana Filho ou apenas, Biblioteca do Senado terá a sua atual sede no Anexo II do Senado, em Brasília, mudada para um galpão num ponto mais distante - a transferência só não foi confirmada ainda porque um senador pediu vistas ao processo de transferência, creio que por considerar a situação absurda...

A biblioteca do Senado é uma das mais antigas e importantes do país, sua missão é se tornar referência mundial na Biblioteconomia Legislativa e dar suporte às necessidades informacionais dos nossos legisladores. Sua fundação se deu em 1826 e desde então viu sua coleção ser enriquecida por várias doações e aquisição de obras raras e importantes para a memória nacional, após a inauguração de Brasília, deixa para trás o Palácio Monroe no Rio, e vai o Palácio do Congresso, até chegar ao Anexo II.


Ao tirar a biblioteca do Anexo II, a direção já tem ciência de que o cidadão que não trabalha no senado não poderá mais ter acesso às obras que compõem o seu acervo, ou seja, tal fato acarretará que a missão principal da biblioteca, que é de disseminar a informação à todos, não será mais cumprida, ficando seu rico e vasto acervo restrito aos funcionários do Senado e nossos legisladores...

A questão aí, parece ser maior do que realmente parece e tem relação direta com o universo Biblioteconômico, afinal, é responsabilidade de nós, bibliotecários, zelarmos pelas bibliotecas. Porém, o cenário que vemos é seguinte - claro que com algumas exceções.

O Bibliotecário é aquele profissional estigmatizado pelo óculos, roupa fora da moda, cabelo desgrenhado, solteiro, dono de um bicho (geralmente um gato), que adora livros e... Do sexo feminino. Creio que poucos de nós se encaixaram nesse perfil (eu tenho o gato e sou solteiro... M-E-D-O), mas é assim que a sociedade vê os bibliotecários e mais, as bibliotecas são vistas como depósitos de coisas velhas, um local para o castigo e para colocar os incapacitados mentalmente ou fisicamente de continuar suas atividades (vide professores), a biblioteca é o local da poeira, das pessoas chatas, de nerds e coisas retrôs, tipo máquinas de escrever, carimbos e antigos fichários...

Mas será que essa é nossa realidade atual? Creio que não, mas por que nossos chefes, administradores, gestores, enfim, continuam a pensar assim?

Pode ser impressão minha, mas creio que seja porque nós, bibliotecários, não nos impomos como aquele capaz de levar qualquer um à informação que deseja. Nos satisfazemos em ser citados nas páginas de agradecimentos, quando na verdade deveríamos também fazer parte das páginas de referência! Temos que defender "nossas" bibliotecas com unhas, dentes, livros e poeira! Afinal, fomos preparados para saber o que de melhor uma biblioteca pode oferecer, desenvolver suas potencialidades, criar produtos e serviços e integrar as bibliotecas ao conceito tecnológico do século XXI.

Será que nossas bibliotecas não estão da forma que estão porque não nos empenhamos em defendê-las? Na maioria das vezes temos medo do que um enfrentamento pode representar, mas acho que devemos ao menos tentar.

Eu tentei defender a minha biblioteca, reafirmei perante todos o meu juramento: "Prometo tudo fazer para preservar o cunho liberal e humanista da profissão de Bibliotecário, fundamentado na liberdade de investigação científica e na dignidade da pessoa humana" e assim briguei e continuarei brigando para fazer uma Biblioteconomia melhor e mais ativa, afinal... É uma verdade que me orgulho de ser Bibliotecário e isso vale muito, mas muito mesmo!

Esclarecimentos

Boa tarde leitores,
Após um bom tempo sem post, eis que volto a publicar, porém, antes de mais nada permita-me justificar a minha ausência:

Nos últimos meses estava me preparando para a seleção do mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UnB e por isso o tempo para postagens não existiu...

Ontem, após prova, entrevista e avaliação do projeto de pesquisa recebi o resultado final do processo e...

FUI APROVADO! =D

Estou muito feliz e espero que a experiência possa render mais e mais posts para o blog.

Ahhhhh, quem quiser saber mais sobre o meu projeto basta visitar o blog http://relatosdememoria.blogspot.com/

Até mais!