sábado, 30 de junho de 2012

Reflexões sobre ciência e projeto científico*


 Ciência é o conjunto de conhecimentos que dizem respeito ao mundo exterior obtido por meio de “métodos científicos”, objetivos e descritivos, sem a intervenção subjetiva em relação ao objeto de estudo. A ciência não explica tudo, mas algumas coisas e, suas explicações não são sempre as melhores, mas o que é explicado em ciência pode ser considerado “verdade”.
Ela serve para prever e antecipar fenômenos ou até, se possível, transformá-los. Para tanto, os dados na ciência devem ser medidos, sempre que possível, devendo, portanto obtê-los de acordo com a utilização de técnicas científicas, como modo de construção de argumentos.
Assim, um projeto de pesquisa científico deve ser construído por etapas, com um planejamento minucioso, cronogramático e com o propósito de atingir o objetivo, e ainda, averiguando como o tema tem sido tratado pelos pares na comunidade científica. Importante também identificar outros sujeitos a quem queremos compartilhar ou “convencer” com a pesquisa. A pretensão da pesquisa científica é o julgamento da comunidade científica e não propriamente a “conclusão do estudo”, mesmo que nossa expectativa seja o alcance dos resultados. Entendo que não se deve afastar dele, mas a busca da objetividade deve ser exercida.
 Os questionamentos devem ser feitos exercendo nossas primeiras impressões, nossas opiniões a tudo que trazemos do sensu comum para a pesquisa, porém travando uma luta contra o saber imediato.
                 Importante destacar que num trabalho científico não devemos nos deixar enganar de que a definição que nós construímos, ou qualquer outra construída por qualquer autor, tenha a capacidade de entender o que realmente forma a essência do fenômeno sobre o qual falamos.
                 É isso, boa sorte!


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Mais uma contribuição da nossa companheira de orientação no mestrado, Cristiane Basques.

Coisas de Ciência...*


O que é ciência? Que coisa é essa?
O dicionário, onde está? No Google?
Mas são tantas definições e conceitos!
Qual será o certo? Existe um?
Será que Freud explica? Ou quem sabe Tomanik?
Vamos tentar?
Então vamos lá!

“A ciência não é uma ilusão, mas seria uma ilusão acreditar que poderemos encontrar noutro lugar o que ela não nos pode dar.” (Sigmund Freud)

Acho que Freud não explica!
Estou curiosa, então acredito que a curiosidade seja a essência para que o homem explore o mundo ao seu redor.  É essa curiosidade de conhecer, olhar algo até então “desconhecido” que proporciona ao homem visualizar novos horizontes e entender fenômenos.
O conhecimento começa pela curiosidade, pela inquietação, pela pergunta, pela pesquisa. A pesquisa possibilita conhecer a novidade e contribui para que a curiosidade saia da ingenuidade e se transforme em conhecimento e a ciência é a principal fonte de validação do conhecimento sobre o mundo objetivo e é um dos principais fatores de desenvolvimento social, econômico e cultural das sociedades contemporâneas.
                 Tomanik (2004 p.17) expõe que o objeto de uma ciência é aquilo que ela propõe a conhecer, é a parte da realidade sobre o qual ela pretende realizar seus estudos. Então para conhecer é preciso procurar, encontrar “soluções” para os problemas, investigar, que é, sobretudo, uma vontade de perceber, interrogar, para ver as coisas de outro modo ou para questionar aquilo que “parece” certo.
                 Então o objetivo da ciência é compreender o fenômeno que ela se propôs a conhecer!
“Esta é a essência da ciência: faça uma pergunta impertinente e cairá no caminho da resposta pertinente.” (Bronowski, J.)

Mas como perguntar? Como investigar? Como esclarecer as dúvidas?
O método é um instrumento básico para ordenar o pensamento na busca de um objetivo e para a construção do conhecimento. Ele é quem disciplina a investigação, por meio de processos mais adequados, e afasta distorções, casualidades e achismos. O método caracteriza o percurso feito pelo homem no processo de compreender e entender o objeto de investigação. Afinal, quem investiga está procurando discutir para conhecer e quem conhece se interessa em investigar.
Tomanik (2004 p. 55) afirma que ciência é discussão e que se a ciência pretende ser um conhecimento válido sobre a realidade, e se esta realidade está em contínuo processo de transformação, não há nenhum sentido em que se pretenda ter um corpo de conhecimentos estático e definitivo. Por esta razão, uma das funções dos cientistas é a de discutir os critérios que permitem estabelecer os limites e alcances da ciência, uma vez que estes itens podem sofrer (e sofrem) alterações no decorrer da história.
 “A ciência precisa ter uma função social. Ela é a única saída para o subdesenvolvimento e precisa estar junto da sociedade. Não pode ter um caráter consumista, de exclusão.” (Sérgio Mascarenhas Oliveira)

Sua função seria o bem estar do homem e da sociedade?
Abastecer o homem com informações representativas do mundo, das coisas, dos seres, favorecendo sua independência, sua liberdade para compreender as melhores alternativas que o leve as melhores escolhas seria uma de suas funções.
“A liberdade é para a ciência o que o ar é para o animal.” (Poincaré , Jules)

                 E se informação é um grande objeto transformador, como reuni-la de forma que se torne combustível para a liberdade?
                 Que tal buscarmos respostas na Ciência da Informação?
                 Shera e Clevaland definem o conceito de Ciência da Informação como:
Ciência que investiga as propriedades e o comportamento que governam o fluxo de informação e os meios de processar as informações para ótima acessibilidade e uso. O processo inclui a origem, a disseminação, a coleta, a organização, o armazenamento, a recuperação, a interpretação e o uso da informação. (SHERA; CLEVALAND apud FONSECA, 2005, p.19)

Assim, essa ciência tem um campo a explorar que é a informação, ou seja, o objeto da ciência da informação é a informação.
E agora, mais uma definição a explorar?
De acordo com o Google são várias as definições, mas existem várias respostas possíveis, dependendo de quem responde. Para Capurro e Hjørland (2003) quase toda disciplina científica usa o conceito de informação dentro de um contexto específico e com relação a fenômenos específicos.
Informação é qualquer coisa que é de importância na resposta a uma questão. Qualquer coisa pode ser informação. Na prática, contudo, informação deve ser definida em relação às necessidades dos grupos-alvo servidos pelos especialistas em informação, não de modo universal ou individualista, mas, em vez disso, de modo coletivo ou particular. Informação é o que pode responder questões importantes relacionadas às atividades do grupo-alvo. A geração, coleta, organização, interpretação, armazenamento, recuperação, disseminação e transformação da informação devem, portanto, ser baseada em visões/teorias sobre os problemas, questões e objetivos que a informação deverá satisfazer. (CAPURRO; HJØRLAND, 2007, p.187-188)

Mas produzir conhecimento implica somente na descoberta?
A informação é algo transformador e que circula no universo científico e que precisa ser utilizada para dinamizar as discussões e a geração de novos conhecimentos por meio de redes corporativas, compartilhadas. Produção de conhecimento não implica somente na descoberta, significa trabalhar em rede de conhecimento.
A participação em redes, às parcerias e a cooperação possibilitam a interação. A interação leva ao compartilhamento, impulsiona os fluxos de informação e de conhecimento que são decorrentes do movimento de uma rede e determinante para um direcionamento e evolução.
                 Faz-se ciência discutindo e compartilhando informações e a rede é um meio de adquirir e disseminar conhecimento!
Então essa coisa chamada ciência é um processo dinâmico e que pode ser iniciada por qualquer pessoa que se interesse em deixar sua contribuição ao conhecimento humano que proporcionará novos interesses, novas curiosidades.
“A ciência será sempre uma busca e jamais uma descoberta. É uma viagem, nunca uma chegada.” (Karl Popper)


REFERÊNCIAS

CAPURRO, Rafael; HJØRLAND, Birger. O conceito de informação. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 12, n. 1, p.148-207, jan./abr. 2007.

CITADOR. Disponível em: <http://www.citador.pt/frases/citacoes/t/ciencia>. Acesso em: 20 jun. 2012.

FONSECA, Maria Odila Kahl. A Arquivologia e Ciência da Informação. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005. 124 p.

INSTITUTO BRASIL VERDADE. Guarujá, SP, [2012]. Disponível em : <http://www.institutobrasilverdade.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=3783&Itemid=0>. Acesso em: 20 jun. 2012.

O MUNDO DA CIÊNCIA. Disponível em: <http://omundodaciencia.blogs.sapo.pt/>. Acesso em: 20 jun. 2012.

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* Mais uma contribuição da nossa companheira de orientação no mestrado Cristiane Basques.