Para quem ainda não viu a reportagem, ela trata da digitalização e publicação na web de imagens de processos da ditadura que foram fotografados e enviados para o exterior por dois advogados, se não me engano.
Enquanto discute-se a abertura ou não dos arquivos, um meio alternativo de preservação da memória criado por essas duas pessoas, permitiu que vários relatos chegassem até nós. Nesse sentido, podemos observar alguns exemplos, como o diário de Anne Frank, que é um item emblemático, pois narra a tentativa de sobrevivência em meio a perseguição nazista e serve de instrumento para que os bastidores do holocausto sejam melhor compreendidos. Fenômeno esse que ainda acontece hoje, pois os diários ainda são uma importante fonte de estudos sobre o cotidiano e sobre a memória social.
Nesse contexto, externar a memória é um meio de recordar e um meio de preservar, já que a capacidade de memória humana é limitada e acabamos selecionando o que devemos ou não lembrar. Bem como a discussão acerca dos arquivos, pois o que o governo quer, é dizer o que devemos ou não recordar - se bem que isso sempre foi feito, mas isso será um tópico abordado mais a frente
Logo, como acontece conosco quando uma lembrança surge sem que necessariamente queiramos, ela também surge na sociedade, mesmo contra a vontade dos que mandam, ou você acha que todos os setores da sociedade querem as memórias reveladas, como no projeto do Arquivo Nacional, citado, também, no post do dia 15?
O desejo de memória, o qual Jô Gondar fala em seu texto Lembrar e esquecer: desejo de memória, parece ser, por vezes, maior do que a vontade do grupo dominante ou maior do que o desejo de esquecimento...
Assim, preservar, conservar, manter, guardar pode ajudar a desvelar histórias ainda não reveladas, afinal a memória é um meio de perpetuação.
PS: O texto Lembrar e Esquecer: desejo de memória, encontrasse no livro: Memória e Espaço, organizado pela Icléia Thiessen Costa e Jô Gondar, publicado pela Sete Letras em 2000.
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