sexta-feira, 10 de junho de 2011

Da importância de uma boa resposta


Vamos imaginar a seguinte cena: você vai à uma Biblioteca pois precisa consultar um livro, ou um documento, ou um mapa, enfim... Você precisa de uma informação ou dado que está naquele item. Daí inicia-se o diálogo:

- Bom dia, estou fazendo uma pesquisa sobre Y e gostaria de saber se vocês tem o livro Z.
No que o responsável pelo atendimento, seja ele um bibliotecário ou um auxiliar, responde:
- Não, não temos...
E assim, frustrado, você vai embora, tentando imaginar onde poderia achar tal item.

Peraí... Não está faltando algo nessa conversa? O usuário foi a um local esperando uma resposta e tudo o que ele obtém é um "Não, não temos..."??? Acredito que se o Bibliotecário, como já falei em alguns posts, é o responsável por promover o encontro entre o usuário e a informação que ele precisa, porque ele responde apenas com um "Não, não temos...". Creio que após essa frase poderiam ser adicionadas algumas palavrinhas que podem acabar com a frustração do "não", essas, talvez sejam "... mas em tal lugar você pode encontrar" ou ainda "mas você já olhou no site tal, lá pode ter alguma coisa.". Não significa que o usuário certamente irá encontrar o que deseja lá, mas pelo menos você tentou ajudá-lo a encontrar!

Lembro que por diversas vezes ao longo da minha carreira, seja como estagiário, seja como bibliotecário formado, busquei responder da melhor forma possível para que  o "não" soasse menos doloroso para o usuário. Para isso, sempre busquei conhecer sites e acervos de bibliotecas para que a minha função de bússola, em meio à toda a informação produzida, fosse efetiva e não apenas figurativa. Um exemplo:


Quando trabalhava na Divisão de Manuscritos da Biblioteca Nacional estava no balcão de atendimento quando chegou um pesquisador buscando informações sobre escravos (relações de nomes, seus "proprietários" etc). Após busca na base de dados da Divisão, a resposta que temia apareceu: "Senhor, nós não temos tal documentação...", porém, não fiquei satisfeito em apenas falar isso e indaguei: "O senhor já foi ao Arquivo Nacional? Lá eles possuem mais documentos relativos a escravos do que nós.", no que ele respondeu: "Arquivo Nacional? Onde fica isso? É sério que lá posso encontrar algo nesse sentido?", respondi afirmativamente e expliquei a ele como chegar ao Arquivo Nacional. Não sei o resultado final, se ele encontrou ou não o que buscava, mas pelo menos dei a ele a esperança de encontrar o que desejava.

Para poder dar essa informação, foi necessário que eu conhecesse, pelo menos minimamente, o acervo do Arquivo Nacional e ter a vontade de não se contentar em dar como resposta o "não". Assim, na entrevista de referência, o bibliotecário deve cuidar para que a sua função seja a de adicionar informações à pesquisa e não de colocar um ponto final nela.

Um comentário:

  1. Muito bom o seu texto. Bibliotecários de referências bem informados e dispostos podem fazer toda a diferença!

    ResponderExcluir