quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Bibliotecas e cemitérios

Estranho o título do post, não???

Por que afinal resolvi fazer um post com esse título? Bom, tenho feito muitas leituras, principalmente em função da dissertação. Hoje, estava lendo o livro "O poder das Bibliotecas" e me deparei com a informação de que algumas bibliotecas, até o advento bibliográfico do século XVII, organizavam suas coleções de acordo com os  antigos proprietários desta, mantendo sua integridade bibliográfica (no sentido amplo e não restrito apenas a livros). Fiquei mais interessando ainda pelo texto quando achei a citação de uma lei chamada de "Lei da boa vizinhança", somente citada por um autor, que não me recordo qual. De imediato lembrei-me de algumas brincadeiras que fazia em conjunto com outros estagiários quando trabalhávamos na Divisão de Manuscritos da Biblioteca Nacional, onde as coleções são ordenadas de acordo com a sua origem, ou como chamam os arquivistas, procedência. Assim, a Coleção do Lima Barreto, reúne a documentação que pertenceu ao escritor, bem como a de Martins Pena, Gustavo Corção etc.

Porém, sempre fazíamos uma ressalva, que algumas coleções não podiam ficar ao lado de outras, pois tais personalidades eram desafetos na vida pública, claro que falávamos em tom jocoso, até mesmo pelas localização dos itens já estarem consagradas há décadas. Enfim, mesmo que não no mesmo sentido utilizado no texto, buscávamos fazer valer a "Lei da boa vizinhança".

Voltando à situação dos acervos serem organizados de acordo com a sua procedência, o mesmo texto menciona que a partir do advento Bibliográfico, a classificação foi largamente implementada e tal organização caiu em desuso.

Por incrível que pareça, a representação que me veio a mente foi a de um cemitério, sobretudo, ao lembrar-me de uma igreja na República Tcheca, que tem sua decoração feita a partir de osso humanos. A Igreja da cidade de Kutná Hora (http://www.kostnice.cz/).


A história diz que durante umas das muitas pestes e guerras enfrentadas pela Europa, não havia mais locais no cemitério para enterrar mais corpos, então os que já estavam lá há anos ou séculos foram exumados e guardados na igreja que fica ao centro do cemitério. Alguns anos depois a decoração de toda a igreja, incluindo o mobiliário foi feita com os ossos dos exumados.

Tá, mas o que isso tem a ver com livros? Bom, vamos viajar um pouco: as coleções, quando ordenadas de acordo com a ordem dada por seu antigo custodiador constitui-se no seu corpo, numa analogia com os cemitério. Com o advento das Bibliografias, várias dessas coleções foram desmembradas, bem como os ossos das igrejas e reordenadas sob novos critérios, bem como, de novo, os ossos... Assim, novas configurações foram dadas aos itens colecionados, sejam por Igrejas, Cemitérios ou Bibliotecas.

Considerei legal compartilhar com vocês essa viagem sóbria, já que como defensor da totalidade das coleções (porém, não cego, pois sei das dificuldades que permanecer a íntegra das coleções acarreta, entretanto, não entrarei no mérito). Creio que daí evoluem os estudos sobre biblioteca, informação, arquivos, acervos, museus, das viagens com os pés no chão que realizamos. E uma curiosidade é que os cemitérios são ótimos locais para se começarem as pesquisas...

PS: Nenhuma droga, bebida ou derivados foi utilizada durante a leitura ou construção do texto.
PS 2: o texto pode ter certas incoerências pois o cansaço aflige a mente do ser que vos escreve.

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